segunda-feira, 23 de abril de 2012

SOBRE O PÊNIS HUMANO


Um dos maiores problemas que o homem terrestre tem está ligado ao seu pênis. A chamada disfunção erética que nada mais é que impotência ameaça até os jovens. Por que temos esse problema? Por que nos iludimos com receitas afrodisíacas que às vezes não passam de um efeito placebo? Por que o pênis não evolui e se torna um membro naturalmente rígido, mas flexivel o bastante para se curvar ou então com articulação feito um dedo que se recolhe ao nosso comando mental? O problema é que a evolução é produto  da mente sobre a matéria, o desejo impõe ao corpo mudança e esta acontece com o decurso do tempo. E isso não é utopia. Certa vez, vi num programa de televisão que muitos  animais tem um osso no pênis. E por que não temos um sistema parecido? Infelizmente, nossa mente é bloqueada por preconceitos e tabus quando se trata de sexo. E o grande culpado são as religiões que vivem impondo barreiras para o sexo, uma coisa extraorinariamente natural e exrtremamente necessária à perpertuação da espécie. E nossa mente, com medo de uma represária divina, se retrai e aceita inconcientemente esse desmando. Como nosso penis pode evoluir se tudo é pecado? Criou-se uma resistência com o passar dos séculos que hoje é difícil romper. Mesmo que indivíduos se libertem dessa opressão religiosa os descendentes poderão nascer com a mente bloqueada e  tudo volta à estaca zero. E tudo isso sob a édige de uma moral que nada tem a ver com o respeito ao próximo, conforme bem ensinado pelo grande mestre Jesus. Enquanto incutem uma série de regras e proceitos aos incautos,  eles mesmos usrupam o direito alheio, roubando e escravisando a população sem defesa e esta é a falsa moral por detrás da máscara da moral que usam.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A PSICANÁLISE NO PROCESSO SÓCIO-EDUCACIONAL



"Ensino porque fui capaz de aprender, aprendi porque busquei.  Educo, por que me educo e continuo a cada dia sendo educado. Aprender é investir de desejos num objeto saber."     (Sigmund Freud)



        Não podemos de forma alguma separar o processo educacional da situação social em que se encontra o aluno. Isso não acontece nem mesmo a título de didática, pois um é reflexo do outro.  
Sabemos que o conceito de família hoje em dia está abalado por uma sociedade moralmente desabilitada para criar seus filhos. Aliás, o conceito de família parece não mais existir. Casais se separam e deixam para trás filhos desorientados. A neurose cresce assustadoramente, afetando o somático do indivíduo. A despeito da libertinagem que toma conta, tudo é feito às escuras sob a falsa égide de moralidade, onde os preconceitos encobrem a hipocrisia reinante. Educar parece ser uma tarefa impossível. Além da miséria social que pune automaticamente os menos favorecidos há também a miséria moral fruto de um atávico sistema de “mea culpa” ligado a sexualidade onde se procura ocultar a verdadeira psique infantil, negando-a. É neste sentido que Freud considera a educação impossível. Enquanto persistir a ignorância ela nunca será alcançada,
        Associar a psicanálise à educação é abordar os conceitos de Freud que se encaixem na visão pedagógica. Então, é importante compreender as pontuações que ele faz. Não se pode analisar o conteúdo objetivo sem conhecer a subjetividade em seu pensamento. Não se deve entender que a educação é impossível a menos que se insista em manter a educação sexual da criança inserida no conto da cegonha.
O processo sócio-educacional é um sistema operacional onde o adulto dá as cartas, mas do outro lado está um ser não menos inteligente e pronto para inquirir sobre a verdade que lhe circunda. A libido empurra a pulsão do imaginário infantil inconsciente para as saídas de emergência do consciente. Embora seja a libido a energia sexual que empurra a pulsão ela foi desviada para o terreno dos enganos. Como então educar, cujo sentido é tirar de dentro, se vamos ter de sublimar tudo que sai do inconsciente? Nosso mecanismo de defesa só deixa emergir algo que não perturbe a outrem ou a nós mesmos. Inconscientemente continuamos nos escondendo, nos mantendo desconhecedores dos motivos indesejáveis. Segundo Freud, a moral transmitida pela Educação incute no indivíduo o pecado e a vergonha a algo absolutamente natural e que lhe é inato que são as práticas sexuais. Para ele, a educação não deve fazer uso abusivo de sua autoridade. Deve haver uma correção educativa, porém não excessiva. Para Freud, essa atitude excessiva pode extinguir posteriormente a curiosidade intelectual. A paixão pelo saber origina-se da curiosidade infantil sobre sua origem. Para Georges Mauco: “A psicanálise é exatamente a arte de decifrar os modos de expressão do inconsciente” (MAUCO, 1968, p.14). Depois continua: “Num sentido, a psicanálise não procura a cura, mas a decifração dos desejos inconsciente” (MAUCO, 1968, p.15).
O grande problema, conforme observou Freud, volta para os pais. Com todos os preconceitos sobre sexualidade, ainda há o problema da incompetência dos pais em falar de sexualidade para os filhos. Para Freud, esse problema estava inerente ao esquecimento dos pais por eles também terem sido reprimidos. Freud sabe que uma educação baseada somente na liberdade não educa, pois torna o educando inapto e nascísico, pois acha que o mundo gira à sua volta. Por esta razão a educação parece não ser possível uma vez que concilia-la sem repressão é muito difícil. A solução, pois, é a orientação com autonomia, sublimar as pulsões do id sem constranger e muito menos alienar o educando com mentiras evasivas. No todo, a boa educação seria tratar o controle dos impulsos através da ética.

"Freud acreditava inicialmente que um dos meios para evitar o aparecimento de sintomas neuróticos seria oferecer uma educação não-repressiva que respondesse aos questionamentos da criança à medida que eles fossem surgindo”. (SOUZA, 2003, p.144)
A sublimação consiste justamente no papel do professor em dirigir as pulsões dos alunos para outros fins que não sejam propriamente sexuais, sem, entretanto, reprimi-las. Ela deve ser sublimada para um alvo não-sexual, um objeto socialmente valorizado. Mas este é um processo inconsciente e sabemos que o inconsciente tem um peso muito maior que o consciente. Assim, numa relação professor-aluno é o inconsciente do professor que está mais em evidência sobrepondo-se a todas as suas intenções conscientes. A característica da sublimação é a dessexualização do objeto. Nele, a energia que empurra a pulsão continua a ser sexual, mas o objeto não o é mais. Notamos então que existe o processo de ida e volta, a transferência só irá acontecer se as questões do inconsciente forem resolvidas, pois a transferência é uma relação que envolve interesses e intenções
     É muito complicada a questão da psicanálise à educação. No início do século passado, Oskar Pfister e Hans Zulliger tentaram criar uma nova disciplina chamada Pedagogia Psicanalítica e não deu certo. Lógico que uma pedagogia não pode ser psicanalítica, pois assim estaríamos colocando a psicanálise em segundo plano, como assessora e não como ciência. Mas há sentido em se falar de Psicanálise Pedagógica cujo sentido é estudar os problemas pedagógicos usando os recursos da psicanálise. Anna Freud fez parte de um grupo que tentou incutir a psicanálise entre os educadores infantis na esperança que seus filhos e alunos não fossem vítimas de neuroses. Na Inglaterra, Melanie Klein e seus discípulos na Inglaterra trataram também de divulgar a Psicanálise no país. Em princípio nada mais perfeito, pois estavam em um país cuja época reinava um grande vínculo familiar e tinha uma natalidade altamente controlada. O problema das dissidências pode ter atrapalhado a divulgação, mas de certa forma não se pode dizer que a ideia não vingou. A meu ver essa deveria ser a práxis no sistema educacional em todo o mundo. Não somente os professores, mas igualmente a base dos estudos psicanalíticos deveria acompanhar a grade curricular em todo processo do educando. Um ensino gradual nos anos sucessivos faria desenvolver um mente capaz de entender a real situação de cada um.
        O desenvolvimento afetivo-emocional de uma criança pode mostrar desde seus primeiros passos na escola suas tendências. Mas para percebê-lo o educador teria de puxá-lo de seu inconsciente, o que só seria possível se ele tivesse conhecimento da psicanálise. De acordo com Maurício De Besse: “Cada história pessoal contém episódios alguns dos quais de influência determinante em nosso futuro”  a imagem de um pai ladrão com certeza irá influenciar passiva ou ativamente (como revolta) na personalidade da criança para sua formação adulta. Se for passiva, ele poderá seguir o caminho do pai. Caso contrário, será uma pessoa revoltada com suas origens. A psicanálise busca tornar manifestos, os sentimentos profundos que pesam sobre o indivíduo e determinam as suas relações com os outros. Sempre digo que as ações são sintomas que emergem do inconsciente perturbado (agitado). Mesmo as boas ações precisam de uma agitação inconsciente para vir a tona.
A relação de afeto entre professores e alunos é crucial, pois é na empatia que se estabelece o processo de transferência.  Mas o que acontece quando em seu lugar já existe uma antipatia entre os dois? Como esse quadro pode ser revertido sem que ninguém seja machucado emocionalmente? A situação não pode ser forçada. Não existe explicação psicológica convincente para isso, pois esta antipatia nasce no inconsciente de cada um. Nenhum dos dois sabe por que isso está acontecendo. O inconsciente do professor atinge o inconsciente do aluno e vice-versa. Por mais que um queira ser compreensível o outro tomará como desacato qualquer palavra mal interpretada. Esta é uma relação de afeto onde predomina o ódio. Mas há o outro lado, onde o afeto surge como amor e então as dificuldades do aluno não parecem afetar o professor. A complexidade da mente faz também aparecer a ambivalência, situação onde o afeto ora transparece como amor, ora como ódio. De fato, a realidade se aproxima por demais deste último caso e podemos dizer que somos todos ambivalentes. Ódio e amor são componentes da mesma moeda.  A situação é que faz aflorar uma das características. Talvez se o caso fosse invertido, o professor fosse aluno e vice-versa em vez de sentir repulsa pelo professor este sentiria pena, uma das manifestações do amor. A aprendizagem então está também vinculada ao afeto. O desconhecimento do outro cujas raízes jazem nas profundezas de seu ser (inconsciente) é o motivo da antipatia e da consequente falta de aprendizagem. Como para criança o professor é um substituto do pai a ambivalência infantil parece mais acentuada que a do adulto. Nesta fase, ele sabe como usar “máscara”. 
Não é a toa que mesmo tendo dificuldade em alguma matéria se achamos o professor bom, superamos aquela condição. Isso demonstra que colocamos o raport acima do conteúdo e provando de uma vez por todas que o inconsciente é a instância predominante em nossa mente e a transferência é um processo inconsciente. Desta forma, o conhecimento passa a ser uma posse onde a permissão de dar e recebe não vem do consciente. Ora, a figura do professor é pintada no consciente do aluno com os pinceis do inconsciente, ou seja, de acordo com o que a transferência que se dá ao nível inconsciente. É desta forma quer os conteúdos são assimilados de maneira satisfatória ou não. Mas o processo de ensino-aprendizagem tem mão dupla e o professor também aprende, embora seu consciente possa reprovar, as experiências do aluno vão para ele e essa volta e que Freud chamou de contratransferência. Esta só é eficaz se houver empatia do professor para com o aluno. Mesmo assim, devemos ter em mente que ambos possuem mecanismos de defesa que podem varia de estilo e intensidade. Diga-se de passagem, baixamos a guarda quando existe a simpatia por alguém. E este pode ser o perigo, pois podemos cair no ardil mental de alguém. Para Lacan, ensinar é gerar transferência de trabalho e desta forma fazer os alunos buscar o que eles não sabem. Se há falhas na transmissão dos conteúdos é por que não houve uma verdadeira transferência de trabalho. Lacan fala de uma proposta é emancipadora, onde o educador orienta, questiona, relaciona, motiva e constrói o processo de aprendizagem, sem tirar à autonomia do aluno.
O professor deve insuflar no educando o desejo de aprender. Mas existe o saber organizado onde mesmo que não queira exerce uma autoridade, pois dele o sistema exige que mostre sua competência passando provas, reprovando etc. o saber organizado, inclusive com um currículo que não tem nada a ver com a realidade do aluno compromete qualquer tentativa de sucesso na educação. A gente só aprende o que se interessa em aprender. Experiências psicoterápicas mostram que quando um aluno tem aversão a determinada matéria é porque guarda no inconsciente uma situação desagradável que a envolve. O que diremos então quando o aluno rejeita todas as matérias? Aí a situação é diferente. Outros parâmetros psíquicos estão em jogo. De fato, todo ser humano traz imerso no inconsciente uma vocação. Desperta-la é que é o problema, principalmente com uma grade curricular totalmente desarticulada da realidade do aluno como é a nossa. Para sanar essa situação, em  primeiro lugar devemos adaptar as disciplinas à realidade do aluno, não somente a realidade cultural, mas àquilo que ele gosta de fazer, explorando sua aptidão natural. O conhecimento básico de todas as disciplinas deve estar inserido no conhecimento profissional do aluno, em todos os níveis de ensino. A questão não é difícil de elaborar na prática. Por exemplo, alunos com tendência a pintura, o próprio vocabulário já deve lhe dar uma noção do que é ser um pintor profissional. As noções de ciências como cor, brilho já podem ser ensinadas em cima de sua pintura.  Os conhecimentos de química, física etc. envolvessem tintas e técnicas inerentes a esta arte. Um agricultor, por exemplo, receberiam aulas de ciências primordialmente voltadas não somente à agricultura, mas ressaltando sua responsabilidade com a preservação do meio ambiente, evitando assim a devastação florestal. A esse respeito, conheci no interior um cidadão trabalhador que nunca estudou. Ele falou que seu pai insistiu para ele ira à escola, mas ele só queria estar com a enxada trabalhando a terra. Mas o mesmo não teria acontecido se sua alfabetização tivesse sido associada a instrumentos do trabalho agrícola como enxada, arado etc. Alunos com tendência à música, já começaria suas noções daquelas matérias acompanhadas de seu instrumento preferido. E o mais importante de tudo isso é que essa tendência natural, essa vocação está lá dentro do INCONSCIENTE não só individual como também no coletivo.
        De fato, quando falamos de inconsciente abrimos um leque de possibilidades de estudo, são muitas vertentes partindo deste caudaloso rio adormecido. Quando falamos da relação professor-aluno, ensino-aprendizagem não devemos esquecer que está em jogo também o inconsciente dos pais que atinge todo processo professor-aluno e por que não nos estendermos para o inconsciente coletivo de Jung. O inconsciente do discípulo não alcançará o raport com o do mestre se esse relacionamento não estiver em uníssono com o dos pais ou da figura responsável pelo aluno. Mas como pode um pai ou uma mãe dar ao filho algo que ele não tem? Educação é um processo atávico, pelo menos a chamada educação doméstica que enfatizamos em nosso estudo. Sem ela o envolvimento professor-aluno se torna ainda mais difícil.

Se no plano inferior de Claparéde a criança atrai tudo que possa satisfazer seus desejos, suas necessidades caracterizando a subjetividade do inconsciente, o plano objetivo da realidade é construído sob a pressão social. Neste ponto podemos dizer que educar é atingir o equilíbrio entre as pulsões inconscientes e as exigências da realidade social. Inconscientemente, o professor evoca na criança a imagem do pai. Se o pai é para a criança um ser bondoso e o professor se iguala a ele, haverá de imediato o raport e a transferência é realizada. Porém, como a sociedade exige cumprimentos de regras, o professor pode se mostrar autoritário, dificultado a transfusão psíquica entre seus inconscientes. Os laços familiares têm a culminância da posse, enquanto os laços escolares não alcançam tal intensidade. Na escola a criança é apenas membro de um grupo e é justamente o grupo formado pela classe a que pertence onde ele vai mais se identificar. É por essa razão que em uma pesquisa que fiz muitos alunos disseram que gostavam de ir à escola para encontra os colegas. É por esta razão também que os alunos gostam mais daquele professor que é “mais colega”. As tensões ai são bastante reduzidas.

        O papel da escola é fundamentar o processo sócio-educativo de tal forma que o trabalho escolar possa conduzir as energias puncionais que estão à deriva na mente do aluno, entregues aos fantasmas do seu inconsciente, para que jorre na realidade consciente de forma satisfatória, sem que perca sua natureza, apenas a transforme na aplicabilidade social em que vive e ainda proporcione a ele melhoria de sua condição com ingresso no mercado de trabalho. Desta forma, o inconsciente dos desejos e afetos do aluno se transformarão no consciente social cidadão. Mas isso só se dá quando o aluno sente que nele se inicia as atividades do adulto. A sublimação vem da transferência que é essencialmente inconsciente. Na realidade, a sublimação é a transferência de interesse inconsciente sobre alago de socialmente confessável. A energia afetiva desgovernada sem controle, sem finalidade gera perturbação mental, tensão, recalque. 
       
        Será que um professor neurótico (e parece que neuróticos somos todos nós) pode direcionar a pulsão do aluno sem que sua neurose pegue carona?  O educador deve saber distinguir autoridade de coerção, pois que sua ação é diretiva e um freio ao desejo do aluno. Ademais, a autoridade é uma força psicológica interior que se impõe por si mesma. A simpatia é uma disponibilidade afetiva positiva. Para isso o aluno tem que sentir segurança no professor. Mas como analista, o professor tem que ter uma atitude não intervencionista e não moralizante. Lembremos que o psicanalista trabalha no plano dos fantasmas e não tem que intervir no plano da realidade. No caso da criança as imagens simbólicas estão fortes. A sexualidade é a origem da sensibilidade e da dinâmica originando sua capacidade para os relacionamentos humanos. É nesse sentido que o professor tem que possibilitar ao aluno que ele mesmo tire de dentro do seu inconsciente toda essa pulsão que já vem acometida de tensões domésticas e transformá-la em conteúdos positivos para sua personalidade. E a adversidade doméstica não é pouca.

        Quando dirigi uma escola pública presenciei vários inconvenientes na relação mãe-aluno, mãe-aluna. Havia uma garota de 8 anos muito agressiva. Qualquer coisa que dizíamos ela chamava um palavrão. Muita conversa aconteceu e o próprio crescimento da garota já com seus nove anos foi melhorando. A pré-adolescência concorreu para isso. Ela começou a se maquiar e mostrar que sua feminilidade potencial estava despertando. Certa vez, a mãe entrou na secretaria onde ela estava e na frente de todo mundo começou a tirar-lhe a maquiagem de modo rude. Tive que intervir e explicar a despreparada mãe a respeito da feminilidade da garota e de sua proximidade com a puberdade. Fiquei imaginando o que se passava em sua casa. Logicamente a origem da agressividade da garota estava em sua própria casa, mas como chegar lá? Costumava dar palestras individuais aos pais, cumprindo minha parte no contrato didático que assumi. Cheguei a conclusão que o inconsciente dos pais deveriam abrigar uma fossa de problemas que envolviam todo sua miséria social, pois que a maioria deles e delas eram pescadores e catadores de sururu. Talvez seja por razões assim que Freud buscou na filosofia a base de suas pesquisas. E quando se fala em filosofia deve-se incluir também a sociologia, pois ambas andam de mãos dadas.

“Para justificar o fato de que nem todos conseguem usufruir as benesses educacionais, usa-se a ideologia dos dotes naturais. As causas devem ser buscadas em certas características dos indivíduos ou grupos de indivíduos. Os excluídos assumem a culpa de seu fracasso se considerando incapaz de aprender por burrice ou falta de força de vontade”. (ROSEMBERG, 1981).
Observamos que dotes naturais que o autor aqui se refere não são habilitações naturais e sim potencialidade de inteligência que, infelizmente, ainda faz parte do processo de exclusão social.
        Conforme diz Guiomar de Mello ”...se a escola é parte inseparável da totalidade do social – e é exatamente isso que me obriga reconhecer que ela é determinada pelos fatores econômicos amplos -, então ela apresenta internamente as mesmas relações de mudança e de reprodução que caracterizam aquela totalidade.”
A meu ver, Todo ensino, desde a infância, deve ser voltado para uma futura profissão do aluno, embasado naquilo que ele mais gosta de fazer, suas inclinações naturais, sua vocação e esta está bem em seu inconsciente. Por esta razão, isso é possível deste o maternal.
Para Carvalho, “O aluno percebe a artificialidade do currículo que serve “para montar o horário” e que revela o caráter ideológico do conteúdo de ensino”. O que não é para menos. Os currículos são preparados por pessoas totalmente alheias da prática do dia a dia escolar que apenas copiam parâmetros de uma educação imaginária. No entanto, livros como Poluentes atmosféricos e Natureza e Agroquímicos que trazem informações que lhe interessam são ditos para-didáticos e os alunos nem tem acesso.  Onde está a lógica em tudo isso? Como diz Platão “deveríamos ser educados desde a infância de maneira a nos deleitarmos e de sofrermos com as coisas certas: assim deve ser a educação correta”
Luiz de Mattos é categórico quando diz: “A motivação é uma condição essencial e permanente da aprendizagem. A rigor, só ocorre a autêntica aprendizagem quando os alunos estão realmente interessados e empenhados em aprender”. Mais adiante conclui: “É inútil tentar incentivar os alunos para a aprendizagem, acenando-lhe com valores abstratos e vantagens remotas, que se situa muito acima ou muito além dos seus horizontes mentais imediatos”.(10, pp. 219 e 220). 
       Estudos realizados apontam para conflitos e contradições existentes entre alunos trabalhadores, a escola e o local de trabalho, revelando ora uma suposta ausência de relação entre eles, ora uma negação, pela escola dessa relação enquanto uma experiência de valor educativo-pedagógico” (Mafra).
Por esta razão não importa a que público se dirija à educação, é o desenvolvimento da personalidade humana que estamos aperfeiçoando. A pedagogia sem o apoio da psicanálise será como um poço vazio.  Os arquétipos montados exigindo paradigmas mentais não podem ser alcançados, pois cada mente é um sistema complexo de Id, Ego, e Superego. O comportamento humano é fruto da interação dessas instâncias, mormente aquela parte dominada pelo inconsciente. Cabe ao professor transpor todas as barreiras da defesa do aluno e chegar até ele. Nessa hora ele se torna um psicanalista. No final, há uma cultura de renúncia pulsional que dá origem a neurose. Este é o preço para se viver numa civilização. O ciclo se forma. Cada vez que evoluímos como animais pensantes mais nos recalcamos e mais neuróticos ficamos, pois há uma contradição entre pulsões sexuais e civilização. Desta forma, a educação no modo que é hoje aplicada gera recalque e neurose. Mas isso não deveria ser assim, pois deveríamos dirigir as pulsões, mas mantendo as sexuais sadias e não as generalizando como devastadoras e corrompidoras da moral. Freud sempre indagou por que a educação foi sempre repressora. A base da educação está recalcada nos preceitos religiosos. Como aceitar o estudo da sexualidade infantil se, para religião, a pessoa nasce com o chamado pecado venial que é o de ter nascido através do sexo?  Todas as religiões são opressoras e incutem na cabeça do povo a chamada “minha culpa, minha máxima culpa”. Ao contrario do que os puritanos pensam, Freud sempre achou que os educadores deveriam buscar o equilíbrio entre o prazer individual e o prazer coletivo que são as necessidades sociais. A sexualidade sempre está presente na criança, manifestada de alguma forma dependendo de sua fase evolutiva. Então por que esconder algo que é tão natural? Por que não ensinar devidamente a criança o que ela busca saber? Ora, senhores educadores, Freud foi profundo no sentido cósmico da sexualidade, pois ela existe deste o interior dos átomos até na grandeza estelar, através do mecanismo de atração e repulsão. Sexualidade é o compartilhamento de energias complementares, do Yang e do Yin. É a castração mental da sexualidade infantil que traz a perversão do adulto. A sociedade mundial adquiriu um pensamento obsessivo de imoralidade em ralação ao ensino da sexualidade e a sala de aula é uma prova disso. Os homens a debocham e as mulheres a rejeitam. As pessoas confundem sexualidade que está ligada a tudo que se relaciona com o prazer com sexo, erotismo. Mas no inconsciente ela está presente na forma de desejo e é essa contradição que leva a neurose quando adultos. Vemos na sala de aula um veadeiro estado de ansiedade caracterizada pela vontade do Id de conhecer o desconhecido e o medo imposto pelo superego, totalmente alienado pelos preconceitos sociais. O armazenamento no inconsciente de todo esse temor causado pela repressão de suas pulsões do id em vez de sublimadas como deveria ser no processo educativo são uma verdadeira lavagem cerebral nos alunos, fazendo com que nunca saiamos da fase: meninos usam azul e menina usam rosa e está difícil de sair dela. 
Contudo, os jovens de hoje não são mais os jovens de antigamente e em vez de simplesmente baixarem a cabeça para explicações irrisórias da cegonha e outros mais, se rebelam e buscam trajetórias que não deveriam recorrendo a drogas e outros atos anormais. Aquilo que antes era reprimido na infância e adolescência e só vinham à tona na fase adulta, agora vem na adolescência.  E esta rebeldia é uma manifestação neurótica e na medida em que avança na idade outros tipos vão aflorando para perturbá-lo. Não estaria aí, na deseducação sexual infantil a causa dos diferentes tipos de neuroses? Logo, no primeiro ensaio sobre a sexualidade Freud observa a sexualidade no ser humano não acompanha a natureza e passa por desvios, tornado-o pervertido. Fala-se em educação para fazer um cidadão, mas como isso será possível se o processo educacional é para fazê-lo recalcado?
Guiomar de Mello comenta “O modo como o professor entende o que é ser bem sucedido na vida em nossa sociedade provavelmente se associa com a ideia de sucesso e fracasso escolar que possui”.  Essa ideia tende a ser passada para o estudante, mas o que ele vê na realidade é coisa bem diferente: pessoas que alcançaram o sucesso financeiro sem a ajuda do estudo, ou melhor, dizendo, da escola. Isso prova sua ineficiência em termos de preparar o aluno para o mercado de trabalho. Falamos de um modelo de ensino orientado para metas, como a escolha de objetivos educacionais apropriados. Afinal, “ninguém sabe para que servem as coisas que a escola ensina”. 
Houve uma tentativa de mudança na educação com a chamada Escola Nova, onde se buscava a não repressão. Foi uma boa tentativa, mas que encontrou duas barreiras: a primeira era que os conceitos antigos ainda permaneciam no superego de todos. A segunda é que educação exige sublimação das pulsões e como esta é um processo inconsciente haveria sempre o risco de em não reprimi-las as crianças se tornarem bárbaras e anti-sociais.  De fato que no processo educacional sempre existirão barreiras a ser transpostas por que este é um processo evolutivo e a evolução exige quebra de conceitos e surgimento de novos. Por isso Freud chamou de impossível como algo que nunca será completamente terminado, mas nunca que não se pode realizar. Afinal, estamos lidando com o inconsciente, algo imponderável que só conseguimos entende-lo quando emerge ao consciente e mesmo assim ainda temos de decodificá-lo. Para Melaine Klein o educador deve ser um interventor para o desenvolvimento emocional e cognitivo dos alunos. Mas para isso, o educador deve conhecer bem, entre outros, o conceito de transferência e contratransferência. Eu defendo a justa incorporação da psicanálise no currículo dos candidatos à educadores. Entretanto, outro problema está na singularidade do aluno. Como numa classe com mais de trinta alunos, orientar todos se cada um tem sua realidade?  Não é fácil implementar o processo de individualização de Jung. Lembrando ainda que para ele o professor não deve subjugar o aluno e que um bom relacionamento recíproco é melhor que qualquer método didático empregado. Isso requer que os educadores tenham uma sólida base psicanalítica. Talvez o melhor seria que os alunos fossem acompanhados durante sua trajetória escolar por psicanalistas, objetivando sempre melhorar sua performance no modelo educacional em pauta. Oskar Pfister era um pastor protestante suíço, nascido em 1873. Ele usou a Psicanálise como auxiliar na educação de jovens sob a sua tutela na paróquia que dirigia em Zurique. Mais tarde, em 1908, firmou amizade e cooperação com Freud até sua morte em 1939. Pfister defendia a aplicação prática de uma técnica psicanalítica especial para a Educação e igualmente para a terapia de crianças. Ele procura descobrir as inibições prejudiciais escondidas no inconsciente infantil. O grande problema era que ele definia o caminho do bem nos preceitos de sua religião. Hans Zulliger, um colega seu, obteve bons resultados na aplicação da Psicanálise em crianças de 12 ou 13 anos, chegando, inclusive, a escrever um livro chamado As crianças difíceis, de 1946. Ele próprio aplicava a psicanálise em seus alunos. Interessante é que uma de suas medidas era recomendar para a criança uma mudança de ambiente familiar, quando julgava ser esse ambiente o principal causador de sintomas. Ora, se fosse nos dias de hoje aqui no Brasil onde praticamente nem existe mais os laços familiares o que ele iria fazer? Anna Freud defendia uma idéia oposta a dele, acreditava que o analista devia ocupar um lugar de autoridade frente à criança. Deveria tentar convencer a criança que ela estava doente e de que precisa da ajuda do analista. Observamos que quando a transferência é realizada plenamente há o risco da alienação, porque ao se identificar com o educador ela será modelada e esse modelo é fixo e fictício, o ideário que é reforçado pelos pais, entretanto ela tem que evoluir e isso exige livre arbítrio de pensar e agir. Logo, o que deve haver é o equilíbrio entre transferência e resistência. O educador precisa reforçar o eu do educando. Orientar, mas deixá-lo livre para agir. Hoje nos temos uma educação que procura uma igualdade exterior. Isso não só é impossível a nível externo como principalmente a nível interno onde reside a chave de todo poder psíquico que é o inconsciente.
Nos processos afetivos, Freud contempla questões infantis na escola que podem impulsionar seus interesses sexuais, mesmo que sejam desprazeirosos, como a ansiedade antes de uma prova, a angústia ao se tirar nota baixa etc. Mas há os casos prazerosos como a coleginha que passa de minissaia, o despertar de uma paixão, por exemplo. Todos esses casos podem levar à puberdade e à fase adulta o prazer da leitura ou visão de fantasias que encubram os desafetos ou deleitem a necessidade mental com sua imaginação. O trabalho intelectual é inequivocamente uma atividade que induz a excitação sexual tanto em jovens como em adultos que se manifestará normal ou não, de acordo com o que ficou determinado na sua sexualidade infantil.
Para Piaget: “A assimilação é a incorporação de um novo objeto ou idéia à que existia anteriormente, ou seja, ao esquema que a criança possui. A acomodação implica na transformação do organismo para poder lidar com o ambiente; diante de um objeto ou nova idéia a criança modifica e aprimora esquemas adquiridos anteriormente. A adaptação representa a maneira pela qual o organismo estabelece um equilíbrio entre assimilação e acomodação, adaptando-se continuamente às imposições feitas pelo ambiente mas também sendo um sujeito ativo e modificando este mesmo ambiente." (GOULART, 2001, p.134)
A formação integral do aluno requer a produção do conhecimento da escola mais a educação doméstica por parte da família, só que esta está esfacelada no Brasil. Mães que têm 3, 4 filhos, sendo que cada um tem um pai e muitas nem sabem quem são os pais. Certa vez estava fazendo a renovação de matrícula em uma escola perguntei a um aluno o nome de seu pai. Ele me veio com uma resposta desabafante: “eu sei lá daquele..., nem sei nem quero saber”. Era revoltado porque nem conhecia o pai.
Não sei por que razão exige-se dos candidatos a cargos não profissionalizantes diplomas dos cursos fundamental e médio, quando o mais sensato seria aplicação de testes correspondentes aos seus trabalhos.   Esta é a razão pela qual os alunos vão logo dizendo aos seus professores que o quer querem é “passar. Esta frase eu mesmo já ouvi várias vezes. Eles dizem logo que fulano ou beltrano ou um amigo prometeu lhes arrumar um emprego tão logo eles concluam o curso fundamental ou médio, dependendo do tipo de emprego. Outros, já têm o emprego e o patrão prometeu uma promoção quando eles terminarem o curso médio. Ora, teoricamente isso pode até parecer um estímulo, mas na prática é um desastre, não funciona e se torna um vício. Testar os conhecimentos e habilidades dos alunos sim, é que seria um estímulo real para que ele se tornasse competente em seu trabalho.
Guiomar de Mello comenta “O modo como o professor entende o que é ser bem sucedido na vida em nossa sociedade provavelmente se associa com a ideia de sucesso e fracasso escolar que possui”.  Essa ideia tende a ser passada para o estudante, mas o que ele vê na realidade é coisa bem diferente: pessoas que alcançaram o sucesso financeiro sem a ajuda do estudo, ou melhor dizendo, da escola. Isso prova sua ineficiência em termos de preparar o aluno para o mercado de trabalho. Infelizmente o que vemos no Brasil é a preocupação com números e educação não se faz com números, pois estes não retratam qualidade, somente quantidade.
Segundo José Moreira da Silva “A educação tem um papel fundamental como meio de influenciar o comportamento dos indivíduos. Convém ensinar as pessoas a pensar e a agir em sociedade. As escolas deveriam se voltar para formar um bom cidadão e não somente fazer com que pessoas acumulem conhecimentos que nunca serão utilizados. A escola deveria ensinar lógica, matemática e línguas desde o começo. A lógica serve para evitar que as pessoas sejam presas fáceis de qualquer aproveitador que apareça pela frente”

                          “POVO EDUCADO É POVO FELIZ
                                  POVO FELIZ É POVO SEM VIOLÊNCIA”
                                                   Prof. Pedro Cabral Cavalcanti













                                BIBLIOGRAFIA
                                     
1)    BESSE, Maurício De – Psicologia da Criança – p. 115 – Companhia Editora Nacional – São Paulo, 1972
2)    CARVALHO, CELIA PPEZZOLO DE. – Ensino Noturno, Realidade e Ilusão, P.88 – São Paulo, Cortez, 2001
3)    GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da Educação: fundamentos teóricos, aplicações à prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2001
4)    KUPFER, Maria Cristina. Freud e a Educação. O mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 1992.
5)    MAFRA, L de A (org.).  Ensino Médio no Brasil: Da ruptura à conquista do direito. Brasília, INEP, 1992.
6)    Mattos, Luiz Alves de – Sumário de Didática Geral (ps. 219 e 220) – 4ª Edição – Editora Aurora – Rio de Janeiro, 1964
7)    MELLO, Guiomar Nano de – Magistério de 1º Grau: Da competência técnica ao compromisso político – 13ª Edição – São Paulo. Cortez, 2003.
8)    MAUCO, Georges – Psicanálise e Educação – (p.p. 4 e 5) – Moraes Editores – Rio de Janeiro, 1968
9)    PLATÃO – A República – 2ª Edição (p. 34) – Editora Martin Claret. São Paulo, 2000.
10) ROSEMBERG, L. – Rendimento escolar dos alunos de deferentes classes sociais. São Paulo, PUC, 1981.
11) SOUZA, Audrey Setton Lopes de. Psicanálise e Educação: lugares e fronteiras. In.: OLIVEIRA, Maria Lúcia de (org.). Educação e Psicanálise: história, atualidade e perspectivas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.


                                                     SITES:
1.    Coelho, Neusa Lais– http://www.escutaanalitica.com.br
2.    Sigmund Freud e a Educação  http://pensador.uol.com.br
3.    De Jesus, Elisangela Maria -  http://www.paralerepensar.com.br
4.    Sexualidade Infantil e Educação http://www.smartsite.com.br
5.    Freitas, Andreia - A importância do conceito de transferência na relação professor-aluno - http://meuartigo.brasilescola.com
6.    Jung: Individuação e a educação infantil.  http://pedroleitaoeducacao.blogspot.com
7.    Silva, Jose Moreira da – http://ateus.net/artigos/critica/a-criacao-de-deus/
8.    Fiorentin, Marli - Tecnologia em educação – pecializacaotecnologiasemeducacao.blogspot.com
9.    Queiroz, Rachel vaz nina de,  -  http://www.artigonal.com
10.  A sexualidade infantil e  educação -  http://www.smartsite.com.br/sys_client/124/3018.aspx
11.   Contribuição da psicanálise freudiana na educação – http://www.webartigos.com/artigos
12.   Psicanalisar e educar ou psicanálise e educação - http://www.educacaoonline.pro.br
13.   Lepre, Rita Melissa - Relações de afeto entre professor e aluno no ensino superior  -      http://www.psicopedagogia.com.br
14.   Onde se esconde o desejo de aprender do aluno? http://www.ufsm.br/lec/01_01/ayrton-orionl5.htm